Ao refletir sobre quais valores seriam inegociáveis para estruturar uma nova arte marcial, garantindo sua coerência ao longo do tempo e seu prestígio perante a humanidade, o grão-mestre Nielsen Amaral concluiu que a filosofia do Yuènán Quán deveria nascer de uma cadeia de valores capaz de orientar cada gesto, cada ensinamento e cada relação entre os praticantes.
Essa cadeia de valores forma a espinha dorsal do método, assegurando não apenas o aperfeiçoamento técnico, mas também a evolução do caráter e a busca contínua pela harmonia com a natureza, com o universo e o Criador.
Essa Cadeia de Valores Essenciais são:
1. A Hierarquia estabelece a estrutura que sustenta a convivência entre mestre, professores e irmãos de armas. É por meio dela que se reconhece experiência e se garante a transmissão segura dos conhecimentos.
2. O Respeito floresce a partir da hierarquia como reconhecimento do valor alheio. É esse respeito que disciplina o comportamento dentro e fora do tatame, moldando a atitude do praticante em todas as esferas da vida.
3. A Disciplina gerada do respeito é a força de vontade que transforma a repetição de exercícios em aperfeiçoamento do corpo, da mente e das emoções.
4. A Ordem criada pela disciplina, define o lugar de cada elemento — físico e metafísico — na prática e no cotidiano. A ordem permite fluidez nos movimentos e clareza nos propósitos.
5. O Equilíbrio só pode florescer da ordem, faz alinhar força e agilidade, coordenação e sutileza. É o ponto de encontro entre Yin e Yang (Am e Doung), corpo e espírito, indivíduo e natureza, criatura e Criador
6. A Honra só floresce no equilíbrio, gera a conduta digna e íntegra que confere ao praticante credibilidade e reconhecimento. A honra é a expressão visível do caráter forjado no treinamento.
7. A Lealdade reflexo da honra, mantém vivos os princípios e as regras do bem, do justo e do virtuoso. Sem lealdade, não há alicerce que sustente o legado marcial.
Uma vez identificados e entendidos como essa Cadeia de Valores inegociáveis se correlacionam e se estruturam entre si; o grão-mestre assim definiu a:
Sem HIERARQUIA não haverá respeito ao mestre, professores, irmãos de armas e na sociedade.
Sem RESPEITO não haverá disciplina que aprimora o corpo, a mente e o comportamento.
Sem DISCIPLINA não haverá ordem, lugar de cada coisa tangível e intangível no universo.
Sem ORDEM não haverá equilíbrio, vital para a harmonia entre força e agilidade,
para a evolução do corpo e do espírito, do homem com a natureza e com o Criador.
Sem EQUILÍBRIO não se firma a honra, conduta do probo, corajoso e virtuoso.
Sem HONRA, não haverá lealdade que se norteia pelo respeito aos princípios e regras do bem e do justo.
Sem LEALDADE só existe a vergonha e desonra.
Em síntese da prática, o Yuènán Quán integra a sua filosofia em cada técnica, em cada saudação e em cada forma trabalhada. Seguir essa cadeia de valores é trilhar o caminho da verdadeira arte marcial, onde a mente e o corpo domina a técnica, manifesta o Khí e o espírito une a todos em fraternidade. Praticar o Yuènán Quán é, portanto, viver intensamente essa sequência: respeitar a hierarquia, cultivar disciplina, ordenar a existência, alcançar equilíbrio, honrar o caminho e ser leal aos pilares que sustentam a arte.